quinta-feira, 25 de setembro de 2014

More Than Friends - 97º Capítulo + Big + Melissa's POV



Acordei com beijos por toda a extensão do meu rosto. Só podia ser uma pessoa, então continuei paradinha.
- Sei que você acordou, amor, inspirou muito forte. - ele me conhece mesmo.
- Eu estou sonhando. - murmurei.
- Vamos conferir.
- Namorado perfeito?
- Confere. Eu acho.
- Amigos legais?
- Confere. Menos o Thomas.
- Irmão compreensivo?
- Confere. Mas eu acho que não deve extrapolar.
- Piquenique de café da manhã?
- Desculpa, acho que esse é um sonho.
Abri os olhos encontrando o Harry sentado ao meu lado, me encarando com seus olhos verdes.
- Que horas são? - perguntei e pigarreei, pois minha voz estava estranha.
- Duas e quinze da tarde.
- Ainda? Mereço dormir mais. - fechei os olhos novamente.
- Amor. - Harry disse manhoso.
- Quê?
- Estou ficando aflito. Estou te observando dormir faz tempo.
- Então deita aqui do meu lado e dorme também.
- Já dormi. Você também.
- Você dormiu mais que eu. - reclamei.
- Verdade. E obrigado. Ah, e desculpa. Pelas besteiras que eu falei.
- Pensei que fosse esquecer. - murmurei.
- Eu não esqueço declarações tão fácil assim.
- Foi uma declaração e tanto. Nunca me disseram tamanhas palavras.
- É como eu disse. Sai naturalmente com você. Eu só não consegui olhar para a minha mãe hoje de manhã.
- Imagine eu. Você fica difícil de lidar quando bebe.
- Combinamos até nisso.
- Não venha com romantismo agora. Você me acordou. E precisa se desculpar por uma coisa específica.
- Ok, me desculpa por ter dito "gostosa da Angelique", foi impensável.
- Vou pensar no teu caso.
- Eu fiz toda uma declaração e você se apegou nesse detalhe?
- Que horas são mesmo? - perguntei esquecendo o que ele disse anteriormente.
- Agora? Duas e vinte e cinco.
Contei até três mentalmente e levantei.
- Temos uma hora para abrir os presentes. E aí você me leva para o salão. - pisquei para ele.
- Salão?! Você não vai passar o dia todo no salão, né?
- O dia todo não. Só o tempo suficiente para fazer o cabelo, as unhas, depilação e massagem. Estou pensando em arrastar a Hilary comigo. Aliás, ela pode ir comigo pra sua casa à noite?
- Sim.
- Preciso de um banho.
- Posso te acompanhar?
- Pode trazer café da manhã pra mim. - pedi sorrindo.
- Mel. - ele choramingou.
Peguei minha toalha, um short curto, uma regata, minhas peças íntimas, e fui para o banheiro.

Saí do banheiro já pronta e encontrei a Hilary e a Jennifer na sala.
- Bom dia, aniversariante. - Jennifer falou e eu sorri.
- Boa tarde. O Harry já voltou?
- Quando saímos do quarto ele não estava na casa. - Hilary me respondeu e nesse instante a porta foi aberta.
Harry entrou com a mão esquerda cheia de sacolas e a direita com um porta-copos do Starbucks com três cafés.
Ele chegou na sala e entregou um café para mim, um segundo para a Jennifer e o terceiro para a Hilary. Fez o mesmo com as sacolas.
- Eu não curto café. - Jennifer reclamou.
- Eu não curto a Melissa com uma roupa curta desse jeito, mas a vida é assim, não?
- Após essa filosofia eu vou tomar o café.
- É café com leite com uma pitada de menta.
- E o meu? - Hilary perguntou após beber o seu.
- Acho que esse é chá, na verdade. Chá com leite e canela.
- É bom. Obrigada.
- Pra que tanto frufru? - perguntei ao concluir que tinha abacaxi no meu.
- Não sei. Não gostou?
- É bom. - dei de ombros.
Sentamos no chão, em roda, e comemos o que tinha nas sacolas: brownies, pretzels, cookies.
- Ok, agora quem quer me ajudar a abrir os presentes? - perguntei animada.
Todos me ignoraram.
- Ah, vamos lá. - praticamente puxei-os.
Ao chegarmos no quarto, guardei o colchão onde estava antes.
Minha primeira - segunda - reação foi olhar para meu criado-mudo.
Lá havia um porta-retrato em formato de coração vermelho com riscos brancos e uma letra M em cima, com um N embaixo. A foto era a que tiramos no carro, no dia do jantar com o The Wanted e logo abaixo do nosso rosto estava escrito "É a maneira como você brilha ♥" da música Glow In The Dark. Aquilo me fez sorrir.
- O cara quer mesmo me doar um par de chifres. - Harry disse olhando o presente de Nathan.
- Sem dúvidas. - Jennifer concluiu. - Harry Styles ou Nathan Sykes? O drama da burguesa.
- Não estou em drama algum. Não tem Harry ou Nathan. Tem Harry e Melissa casal e Nathan e Melissa amigos.
- Antes de vocês serem um casal, vocês foram o que? - Jennifer perguntou cínica. - Ele quer mudar essa realidade.
- Olha, eu nunca vi um homem deixar tão claro que quer pegar alguém de forma tão indireta. - Hilary comentou.
- Nada a ver, gente. Tenho que ligar para ele.
Peguei meu celular e liguei para o Nathan, que atendeu no segundo toque.

LIGAÇÃO ON
- Melissita?!
- Oie.
- Viu o presente? - perguntou ansioso.
- Eu amei. Sério.
- Mimimi. - Harry falou baixo e eu taquei um travesseiro nele. - Viram isso? Ela está dando preferência a ele. - Harry reclamou baixo para Hilary e Jenny.
- Que ótimo! Eu estava realmente preocupado de que não gostasse.
- Não tem como não gostar. É perfeito.
- Obrigado. Ah, que alívio! - Nate disse todo fofo.
- Eu que agradeço! Você me mima demais, cara, isso é problema.
- Eu levei ela pra conhecer a rainha Elizabeth e ele a mima demais? - Harry perguntou baixo e retoricamente.
- Encare isso como uma troca de favores.
- Troca? Não estou fazendo nada.
- Você está, acredite. - preferi não ir fundo naquele assunto, então disse:
- Já voltou para Londres?
- Não, vou passar o Natal com a minha mãe.
- Volta quando?
- Não sei. Na noite de ano novo, talvez. Por quê?
- Nada, curiosidade. Eu preciso desembrulhar meus presentes.
- Vai lá então. Beijo, tchau. - e encerrou a chamada.
LIGAÇÃO OFF

- O pior é que a Melissa não percebe que está dando esperança pro cara. - Jennifer disse e eu revirei os olhos.
- Ele acabou de sair de um relacionamento conturbado, só está carente. - expliquei.
- E precisa descontar a carência dele na minha namorada?
- Com um presente desse, se ele não gosta de você, ele é gay. - Hilary disse.
- O que vocês três podem entender sobre homem?
- Ahm... eu sou um?!
- Não é porque eu prefiro mulheres que não sei o que homens fazem quando querem algo. - Jennifer se explicou.
- Exatamente. - Hilary concordou.
- É o seguinte: me querendo o Nathan ou não, eu estou com esse cabeça de repolho. E eu amo ele.
- Emocionei. - Jennifer disse e limpou uma falsa lágrima.
- Vamos desembrulhar os presentes ou? - Hilary perguntou e começamos o trabalho.
Abri uma caixinha fofa, peluda, roxa, que informava que o presente era da Taylor e lá havia o novo perfume dela.
- O perfume nem lançou ainda! - Jennifer exclamou.
- Cara, que perfeito! Posso sentir o cheiro? - Hilary pediu e eu a entreguei o frasco, após sentir o cheiro adocicado que lembrava amora.
- Olha isso aqui! - Harry exclamou sorridente para uma lingerie preta com renda e o símbolo da Playboy balançando num tipo de chaveiro grudado na parte de baixo. - Presente da Jenna. Palmas para essa garota. E ainda vem com um bilhete "bitches go hard".
- Que vaca. - disse rindo.
- Justin Timberlake te deu um DVD de piadas do Jack Benny. - Jennifer disse olhando a capa do DVD.
Jack Benny era considerado o mestre do stand-up comedy inglês. O Justin sempre diz que o melhor stand-up é dos ingleses e eu discordo dizendo que os australianos são os caras. Pelo visto, ele quer me convencer.
- Seu irmão te deu uma trilogia, O Inferno de Gabriel. Parece bem pornô. - Hilary comentou olhando as capas.
- Eu tava louca pra ler! - sorri, pegando meus novos bebês.
- E eu que estava preocupado quando ela lia Paixão Sem Limites. - Harry brincou.
- Ele não sabe que você já leu 50 Tons de Cinza, né? - Jennifer perguntou rindo.
- Você já leu 50 Tons de Cinza? - Harry perguntou atordoado e eu ri.
- Vamos continuar com os presentes.

[...]

- Hil, você vem pro salão comigo.
- Eu?! Por quê?
- Porque sim. - finalizei sorrindo.
- E eu? Não quero aguentar meus pais na melação do Natal. - Jennifer reclamou e eu a olhei incrédula. Se ela soubesse o que eu daria para ter meus pais numa "melacão do Natal" ficaria surpresa.
- Vai demorar muito? Eu poderia esperar vocês no salão.
- Três horas no mínimo. Você não vai querer aquilo.
- Você vai no salão do shopping, né?!
- Sim.
Liguei para Gemma, que disse anteriormente que queria ir para o salão comigo no Natal, e dei o endereço a ela.
- Vamos? - perguntei.
- Você vai sair assim? - Harry perguntou incomodado com a minha roupa.
- Ou é assim ou eu saio pelada.
- Dá no mesmo.
- Harry, você é um saco, sabia?
Voltei para o quarto, coloquei uma calça legging e um casaco cinza qualquer. Pouca roupa seria mais fácil para poupar o trabalho da depiladora, mas com um namorado assim, não dá.
Descemos e Harry seguiu para a casa da Jennifer.
- Gente, olha! Um vendedor de algodão-doce! - Jennifer exclamou feliz.
- Não. - Harry negou.
- O Nathan pararia. - Jennifer disse e o Harry estacionou na hora.
- Isso não foi legal. - ele disse sério, visivelmente aborrecido.
- Ei, cunhadinho, relaxa. Eu ainda sou team Harry. - Jennifer tentou consertar a besteira que disse. - Merda. Ahm... eu te dou algodão-doce como pedido de desculpa. Vou trazer o azul para você. Vem me ajudar, Hil.
As duas saíram do carro e Harry me olhou.
- Eu gosto dela, mas isso... - Harry nem finalizou sua sentença.
Eu segurei seu rosto entre minhas mãos.
- Não importa o que dizem, Harry. O que vale aqui nesse relacionamento é o que nós dissermos, está bem? Pode ser Nathan Sykes, pode ser quem for, nunca vai conseguir tirar de mim o que sinto por você. Não importa se o Nathan pararia para comprar o algodão-doce, o que importa aqui são os nossos princípios, as nossas escolhas. A Jennifer ou quem mais falar algo assim, deixe que falem.
- Falar é fácil, como você acha que eu me sinto escutando isso?
- Não é agradável, eu sei. Mas tenha em mente uma coisa: eu escolhi você. Não o Nathan, não o Chris, não o Thomas, não a torcida do Manchester United, mas você!
Em resposta ele me beijou. Assim, sem aviso prévio.
Jenny e Hilary voltaram e nós interrompemos o beijo.
- Azul para o Harry e rosa para a Mel. - Hilary disse e entregou.
- Valeu. - agradeci.
- Segura pra mim, por favor. - Harry pediu e eu segurei seu algodão-doce.
Peguei um pedaço do dele.
- Ei!
- O azul é melhor! - protestei.
- Nem começa. - Harry reclamou.
- Já é costume. Sempre fazemos isso.
Esse assunto deu lugar à minha conversa com a Jennifer sobre o próximo ano.

[...]

Ao terminar no salão, Gemma pegou um táxi para a casa do Harry e eu e Hilary seguimos para o prédio.
- Demorou bem mais que o esperado. - reclamei e me joguei no sofá.
- Sim, foi cansativo e extasiante. - Hilary declarou.
- Daqui a pouco iremos para a casa do Harry, já sabe a roupa que vai usar? - perguntei.
- Casa do Harry?! Jantar lá?
- Sim, não pensou que ia passar o Natal sozinha, né?
- Pra ser sincera, pensei. Bom, já que é assim, é melhor eu ir tomar banho.
- Vai lá.
Ela se distanciou e eu liguei a televisão, deixando num canal que passava 2 Broke Girls.
Meu celular notificou uma mensagem e fui ver o que era.

De: Harry
Amor, só pra ter certeza, você não é alérgica à pelo ou pelúcia, né?

Isso me fez lembrar do fato da Gemma ter espirrado e coçado o nariz o tempo todo e quando a perguntei o que era, ela respondeu que era culpa da "peste do presente do Harry", mas fugiu logo do assunto.

Para: Harry
Não, por quê?

De: Harry
Nada. Você chega que horas?

Para: Harry
Não sei, que horas você sugere?

De: Harry
Se arruma e vem.

Para: Harry
Beleza.

Terminei de assistir o episódio de 2 Broke Girls e fui para o quarto. Após longos minutos de indecisão em relação à minha roupa, acabei por pegar um vestido claro e um salto branco. Separei alguns acessórios e entrei no banheiro logo após Hilary. Meu banho acabou sendo rápido, pois eu já havia tomado banho no salão para a massagem com rosas na banheira.
Quando estava pronta, após a maquiagem, chamei Hilary que estava no quarto. Ela saiu usando um vestido tomara-que-caia longo vermelho, com decote em V, um salto preto, um colar que tinha um trevo de quatro folhas dourado, brincos grandes, usava um batom vermelho e sua maquiagem era mais para o dourado. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto.
- Não vou para o mesmo lugar que você. Estou me sentindo ofuscada. - brinquei e ela riu.
- Exagerei mesmo, né? - perguntou se olhando no espelho do corredor.
- Você está ótima. Vamos?
Ela assentiu e nós descemos. Entreguei meu presente de Natal ao porteiro - o primeiro CD dos Beatles, que ele dizia não achar em lugar algum (achei na primeira loja que procurei) - e fomos para o ponto de táxi.
Minutos depois, toquei a campainha da casa de Harry e Louis, e Matthew - primo do Harry - abriu a porta rindo de algo que aconteceu anteriormente.
- Mel! Amiga da Mel! - ele nos cumprimentou elétrico e nos abraçou. Usava terno escuro, mas nada de gravata.
- Essa é Hilary e, Hilary, esse é o Matthew. - apresentei-os.
- Ou só Matt, para moças bonitas como você. - sorriu galanteador para Hilary e eu ri, ela também riu. Imagine a decepção do garoto quando descobrir que da fruta que ele gosta, ela chupa até o caroço.
- Podemos entrar, Só Matt? - Hilary brincou e Matt sorriu, nos dando passagem.
A sala estava apinhada de gente e havia garçons por todo lado. Todas as pessoas muito elegantes e eu murmurei para Hilary:
- Se eu me sentia ofuscada antes... - deixei a frase no ar e ela sorriu.
- Oi, gente. - Gemma nos cumprimentou.
- Cade o Harry? - perguntei olhando em volta.
- Eu estou ótima, obrigada por perguntar, querida. - Gemma respondeu cínica. - Lá em cima, ainda não está pronto.
- É uma moça mesmo. - revirei os olhos.
Gemma espirrou e eu estreitei meus olhos, desconfiada.
- Você é alérgica à pelúcia ou pelo? - perguntei.
- Sou. Isso está me matando.
- Boa noiteee. - Eleanor chegou e eu a apresentei a Hilary.
- Que felicidade é essa, Els? - Gemma perguntou e Eleanor sorriu.
- Como você pode ver aquele é o Louis. - Eleanor apontou discretamente. - E como você pode ver aquela é a mãe do Lou. - apontou novamente, mas para outro canto da sala. - E com a mãe do Lou está a minha mãe. Sorrindo.
- Sua mãe agora gosta do Louis? Estou perdida. - falei.
- Ela está começando a gostar, viu que ele vale a pena. Ela aceitou passar o Natal aqui, isso é aceitação suficiente.
- Sua mãe parece legal. - Gemma observou.
- Parece. - Eleanor lembrou.
- Vou ver se o Harry precisa de ajuda.
- Ajuda, sei. Não demore. - Gemma falou sorrindo.
Subi sem chamar atenção e ao chegar no quarto do Harry, parei escutando vozes.
- Mãe, sem chances da Katie morar comigo. Ela é legal e tal, mas eu não vou ficar sustentando uma garota de 17 anos.
- Não? Porque me parece exatamente o que acontece entre você e a Melissa.
- É diferente. E eu não a sustento.
- Você não precisa sustentar a Katie. Ela só precisa de um lugar para morar aqui em Londres e você sabe que a sua tia nunca deixaria-a morar sozinha.
- Que não deixe! Que ela fique em Manchester!
- Harry! Ela é sua prima, não é nenhum sacrifício. E a sua tia Liane nunca nos pede nada.
- Realmente, ela nunca pede, mas quando pede... porra! Mãe, da última vez ela pediu um carro!
- Porém ela te pagou, correto? Está tudo em dia. - houve uma pausa. - Harry, por favor. É o sonho da Katie estudar aqui em Londres e fazer o tal curso de fotografia.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Você precisa dar mais valor à sua família. Eu lembro daquela sua ideia maluca de querer que a Melissa morasse com você, mas a Katie que é da família você não quer.
- Mãe, eu dou valor à minha família, mas minha família só me explora.
- Sua família só te explora? Você gastou mais de 500 mil com a Melissa em uma semana em Los Angeles.
- Não. Fale. Da. Melissa. Desse. Jeito.
- Eu adoro a Melissa, adoro mesmo, mas tem algo errado aí.
Desisti de continuar escutando aquilo e desci novamente.
Meu humor já havia mudado totalmente e eu fui para um canto vazio da sala, longe dos grupos de pessoas conversando. Escorei na parede e peguei meu celular. De todas as pessoas online no Whatsapp, a que me veio inicialmente a cabeça foi o Nathan.

Mel: Você passa o dia inteiro no celular?
Nathan: Ih, olha só quem tá falando!
Mel: Dessa vez eu deixo me zoar, só porque fui eu que chamei.
Nathan: Haha não pretendo te zoar hoje, está de folga por causa do Natal. Mas e aí, onde tá e por que está no celular?
Mel: Casa do Harry. Você quer que eu pare de usar o celular? Ok, tchau.
Nathan: É muito marrenta, viu.
Mel: Você não deveria estar, sei lá, ajudando sua mãe nos preparativos do Natal, se arrumando ou coisa do tipo?
Nathan: Só você pode usar o celular no Natal?
Mel: Ainda não estamos no Natal. E hoje é meu aniversário, dá uma folga.
Nathan: E existe essa coisa? "Ah, hoje é meu aniversário, vou usar o celular o dia todo".
Mel: Só não mando ir catar coquinho porque estou com preguiça.
Nathan: Mas quem vai catar o coquinho sou eu, eu deveria estar com preguiça.
Mel: Mas eu sou a Melissa, filho. Preguiça é apelido.
Nathan: Realmente. Cade o Harry que não está te dando atenção?
Mel: Ele ainda não está pronto.
Nathan: E só tem ele aí? Melissa, é feio ser antissocial.
Mel: (Falou o Nathan). É que eu não tô no clima para o Natal.
Nathan: Por quê?
Mel: Só não estou.
Nathan: Tem que haver um motivo.
Mel: Tchau, Nate. Tenha um feliz Natal.

E silenciei o Whatsapp, para não notificar as mensagens do Nathan me enchendo. Em segundos, chegou uma notificação do Twitter.

@NathanTheWanted: para que responder decentemente, né @Mel_Mikaelson?

Apenas retweetei, mas não fiquei no Twitter. Fiquei encarando minha tela de bloqueio, uma foto minha com o Harry.
- Formamos um belo casal, não? - ele surgiu das cinzas, me assustando.
- De fato. - concordei.
Ele me abraçou pela cintura, me desencostando da parede e eu encostei meu rosto em seu peito.
- O que foi? Por que está aqui isolada?
- Não estou isolada, você está aqui comigo. - dei de ombros.
- Você entendeu. E me dê uma boa desculpa, você não é difícil de se relacionar.
- Sei lá, só não estou no clima de Natal ainda.
- E está em que clima? Porque é raro ver você isolada num canto ao invés de se relacionando com pessoas.
- Talvez seja um clima novo.
- Algo similar com clima árido?
- Não, pode ser mais para o desértico.
- Faz sentido. Quando muda?
- Não sei. - suspirei. - Podemos falar de outra coisa?
- Podemos. Você já falou com meus avós? Eles estão loucos para conhecer você.
- Ainda não, quem são?
Harry apontou e eles estavam com a Anne e, na boa, eu não estava bem o suficiente para conversar com ela.
- Nós falamos com eles depois. Podemos subir?
- Meu quarto está uma bagunça, você não vai querer entrar lá. - mentiu. Dá para saber pela sua entonação. - Mas o seu quarto está vazio. - assenti.
Fomos para o "meu" quarto e ele estava do modo que eu havia deixado, não mudou nadinha. Harry sentou na cama e eu deitei, com minha cabeça em seu colo. Ele acariciou meu cabelo.
- Você deveria estar lá embaixo. Com a sua família. - falei.
- Você me pediu para subir. Minha família sabe se virar.
- Assim como eu. Você deveria estar dando atenção para a sua família, é Natal.
- Não, é véspera de Natal. É seu aniversário e nosso aniversário de um mês. Eu deveria fazer exatamente o que estou fazendo.
Sentei para encará-lo.
- Harry, estou falando sério. Eu não quero privar você de momentos como esse com a sua família.
- Eu quero ficar aqui. Com você. - ele disse e eu suspirei pesado.
- Por favor. As pessoas precisam dar valor às coisas antes de perdê-las, amor.
- E aqui estou eu. Eu te amo e estou te dando valor. Pronto.
- Que saco, Harry! Não é disso que estou falando. Você entendeu! - elevei um pouco a voz. - Me desculpa, não quis gritar. É só... eu não posso privar você disso, me sinto péssima por estar fazendo isso.
- Você não está me privando de nada, Melissa. - suspirou. - Mas tudo bem, vou descer. Sei como isso de família é difícil para você. Vai ficar mais?
- Sim, diga que estou com um mal-estar. Não demorarei muito.
- Ok. - demos um selinho e ele deu um beijo na minha testa.
Saiu do quarto e eu deitei novamente, desta vez abraçada no travesseiro. Passados cinco minutos, a porta do quarto foi aberta, revelando Des.
Ele entrou e fechou a porta. Sentou ao meu lado e eu o olhei.
- Harry disse que você não está muito bem, vim checar.
- É mais emocional que físico.
Ele acariciou meus cabelos de modo paternal.
- Ele também me falou que você insistiu para que ele descesse. - disse, curioso, e eu suspirei.
- Eu estava me sentindo egoísta, privando-o da convivência com o resto da sua família.
- Você não é egoísta, Melissa, essa atitude é a prova disso. Qualquer pessoa egoísta não falaria para o Harry descer. - falou e eu sentei, para olhá-lo melhor.
- Na verdade, eu demorei muito para perceber que estava sendo egoísta. Eu sei como as pessoas são. Sempre demonstrando amor quando é tarde demais e eu não posso deixar isso acontecer com o Harry. Ele precisa dar atenção à sua família.
- Ele sabe o que faz, Mel.
- Aí é que está. Ninguém nunca sabe o que está fazendo. Ninguém tem uma ideia, nunca uma opção, mas várias. Várias porque sabem que podem estar incertos.
- Sempre com a resposta na ponta da língua.
- Eu aprendi a valorizar a família antes de tudo e não posso deixar que o Harry não valorize.
- O Harry valoriza a família, Mel, não se preocupe. Mas sei que não é só isso, o que mais te perturba? - eu, claramente, não vou contar pro meu sogro que a minha sogra acha que sou uma interesseira.
Dei de ombros.
- Ok, não precisa falar. Vamos descer? Ou você quer mesmo deixar seu namorado lá dando sopa?
- Melhor não. - sorri.
Descemos, de braços dados, e Harry estava com duas mulheres e Anne.
- Katie, Liane, essa é a minha nora, Melissa. - Des me apresentou e eu sorri.
- Harry falou tão bem de você! - Liane disse e me abraçou.
- Prazer. - Katie sorriu e eu retribuí.
- A Katie vai morar com o Harry no próximo ano. - Anne anunciou.
- Ela vai fazer um curso de fotografia profissional e estudar na North London High School também. - Harry explicou.
- Legal, vai para o terceiro ano? - disse, inexpressiva.
- Vou, sim. O Harry me falou que você estuda à noite, podemos estudar juntas. - Katie falou simpática. Ela parece tão fácil de se conviver.
- Você vai adorar a NLHS. - sorri.
- Lá em Manchester, a minha escola era muito chata, não via a hora de vir para cá.
- Você não falou que quer fazer jazz? A Melissa vai fazer. - Harry falou.
- Na verdade, eu vou fazer street dance. - sorri.
- Ué, você não tinha falado que ia fazer jazz?
- Sim, mas também falei que havia trocado pra street dance. - falei e lancei um olhar para ele que dizia "se você prestasse atenção no que eu falo".
- Amores - Gemma disse ao chegar e apoiar-se no Des e na Katie. -, a tia Mirna não vem.
- Graças à Deus! - Katie comemorou.
- Mulher mais mal-amada. - Harry reclamou.
- Crianças! Respeito com a tia de vocês. - Liane pediu.
- Desculpa, mas a Mirna nem eu aguento. - Des reclamou rindo.
Eles continuaram falando e eu fiquei ali só por ficar, abraçada ao Harry.
Horas foram passando e eu conheci todos os tios, primos e avós do Harry que ali estavam. Ficamos até com uma parte da família do Louis também.
- Estou começando a ficar preocupado, você está praticamente há horas sem falar. - Harry disse quando ficamos só nós dois no nosso mundinho fechado, na sala.
- Não se preocupe.
Foi só fechar a boca que uma queimação no estômago me invadiu, seguido de uma contração muito forte na barriga. Senti a bile subir, mas me segurei antes que pudesse vomitar. Perdi meus sentidos por alguns segundos e apoiei-me no Harry.
- Ei! O que aconteceu? Você está bem? - perguntou, preocupado, e eu suspirei, soltando-o.
Se isso que eu ando sentindo for mesmo gravidez, eu já posso cavar minha cova. Um filho? Agora? Nem nos meus piores pesadelos!
Mas por que raios eu tô pensando nisso? Deleta, deleta, deleta.
- É aquela dor novamente, né? Mel, por favor, você precisa procurar um médico!
- Não é "aquela dor", Harry, é só fome. - menti e dei de ombros.
- Então vem, vamos comer. - Harry me puxou para a cozinha, que estava abarrotada de cozinheiros.

[...]

- Antes de nos deliciarmos com essa ótima comida, temos que agradecer à Deus. - a vó materna do Harry disse e eu o olhei. Mexi a boca dizendo:
- Eu não sei essa oração.
- Quem não sabe essa oração? - Harry perguntou baixo, rindo.
- Eu não sou católica.
- Não?! E você só fala isso agora?
- Vocês dois! Respeitem. - Des disse.
- Desculpa. - eu e Harry dissemos juntos.
Eles terminaram a oração e a tia do Louis falou:
- Também temos que agradecê-lo individualmente.
Cada um na mesa, após a tia do Lou, começou a agradecer à Deus, pedir mais coisas e desculpar-se. Chegou na vez do Harry, e ele disse:
- Obrigado, Senhor, pela família que eu tenho, namorada, amigos e emprego. Amém.
Assim, rápido.
Demorei para continuar, então Erin, mulher do Des, perguntou:
- Melissa?
- Obrigada, Senhor, por tudo que eu tenho, de bom e ruim. E me desculpe caso eu não tenha sido uma boa pessoa ultimamente. - suspirei e senti o olhar do Harry sobre mim. - Por favor, cuide das pessoas que eu amo e guarde a alma dos meus pais. Amém.
Olhei para Harry e ele sorriu.
Após todas as preces se concluírem e as conversas voltarem, Harry perguntou:
- Que tipo de gente, mesmo ateu, não sabe rezar?
- Eu não sou ateia, frequento o centro espírita e lá nós não fazemos orações assim.
- Você é espírita?! Que legal! Você nunca me disse isso.
- Não, mas foi porque a gente não tocou no assunto.
- E porque você nunca vai?
- Eu vou só uma vez por mês. A gente pode comer agora?
- Como quiser, senhorita. - Harry respondeu sorrindo.

[...]

- Dorme aqui, vai. - Harry pediu, quando eu e Hilary nos despedimos. - Já está tarde, não é seguro vocês irem embora agora. Sem contar que você precisa estar aqui na hora de abrir os presentes, de manhã.
- Será uma grande desfeita se vocês duas forem embora. - Johannah se intrometeu, me abraçando de lado.
- Louis, sua mãe tá apelando aqui! - falei, alto, para ele escutar do outro lado da sala.
Já era mais de 01:00 e poucos ainda estavam na sala. Eu, Harry, Hilary, Katie, Angelique, Louis, Gemma, Matthew, Kyle e Travis, primos do Louis, e Johannah.
- Acha que eu aprendi com quem? - Louis perguntou sorrindo.
- Eu vou subir, se vocês não ficarem, vou ficar muito magoada.
A Jay deu um beijo em nossas bochechas e subiu.
- Eu também vou subir. - falei para o Harry.
- Ah, não! Espera aí. - Harry disse desesperado. - Gemma, vem comigo.
- Harry, por favor, não, eu vou morrer. - Gemma dramatizou.
- Por favor. - Harry suplicou e Gemma bufou.
Os dois subiram e eu me joguei no sofá, entre Kyle e Katie.
- Já está com sono, Hilary? Porque nós podemos assistir o filme que eu te falei. - Matt perguntou interessado.
- Ah, acho que já vou me deitar também, foi um dia cansativo.
- Cansativo hoje em dia significa passar o dia inteiro no salão. É cada uma. - Louis brincou.
- A Mel também teve um "dia cansativo" e ainda assim vai para o quarto com o Harry. - Kyle disse e recebeu um tapa na perna.
Angelique bufou, levantou e saiu da sala.
- O que deu nela? - Travis perguntou.
- Inveja. - Louis respondeu, dando de ombros.
- Qual é o rolo entre vocês duas? - Matt perguntou curioso.
- Deixa eu contar? Sempre me empolgo. - Louis disse entusiasmado.
- Também sempre me empolgo de lembrar que já fui corna. - disse irônica.
- Eita. Conta logo. - Kyle pediu.
- A Angel armou um plano para ficar com o Harry na frente da Mel. E ela nem sabia que eles namoravam...
- Mas se ela não sabia que eles namoravam, por que queria que a Mel soubesse que os dois ficaram? - Katie perguntou.
- Ela tinha certeza que a Mel gostava dele. Ela chamou o Harry para "conversar" à sós, no jardim, e o ingênuo foi. Ela agarrou ele e a Mel viu e, bom, só consegui ver porrada após isso.
- E você voltou com ele? Eu nunca mais olhava na cara dele. - Travis falou.
- Eu cogitei essa ideia, mas foi mais forte que eu. - dei de ombros.
- Pronto, amor. - Harry disse carinhoso ao voltar com Gemma.
- Eu não consigo imaginar ele te traindo. - Hilary disse e eu sorri.
- Nem eu. Ainda menos com a Angelique. - Matthew disse. - Que idiota.
- Que assunto desagradável. - Harry comentou.
Eu levantei e Hilary também. Subimos; Hilary ficou no meu quarto e eu e Harry fomos para o dele.
Começamos a nos beijar calmamente quando tranquei a porta. Harry pediu que eu tirasse o sapato alto e assim o fiz. Após uma sessão de beijos, eu o parei quando ele estava prestes a tirar meu vestido.
- Que foi? - ele perguntou me olhando nos olhos e eu cocei a nuca.
- Nós precisamos conversar.
- Não pode ser depois? É importante?
- É sério.
Eu não quero preocupar o Harry com o lance da gravidez, porque não sei se estou mesmo grávida, mas não consigo simplesmente ignorar isso. Se for verdade, bom, ele já está "preparado", se não for verdade eu vou até o Vaticano para agradecer à Deus, juro. Eu não quero mesmo estar grávida, não estamos preparados, somos muito novos e inexperientes. Vão achar que eu sou uma interesseira que deu o golpe da barriga. Aliás, minha própria sogra vai achar isso. E eu espero que o Harry não pense uma coisa dessas.
E também preciso falar sobre ele gastar demais comigo, isso realmente me deixou incomodada.
- É algo comigo? Fiz algo que você não gostou? - perguntou preocupado.
- É melhor você sentar.
Ele sentou na cadeira e eu sentei na cama, de frente para ele. Suspirei, pensando em como começar.
- Harry, eu só queria deixar claro que você não tem culpa de nada, nem eu. Na verdade, é algo que se pode encarar como irresponsabilidade de ambos. Eu sinto muito por isso, mas você será a primeira pessoa a saber se é verdade ou não.
- Do que você está falando? Estou ficando assustado. - deveria mesmo.
- Talvez... eu possa estar... é... você sabe, essas coisas acontecem. É... então... sabe...? - não consegui falar e ele arqueou a sobrancelha. Olha, se o Harry captasse as coisas rápido como o Nick eu estaria satisfeita.
- Você está dizendo nada com nada.
Suspirei e decidi dizer logo de uma vez por todas:
- Harryeupossoestargrávida.
- Quê? - ele não entendeu e alguém bateu na porta. - Espera aí.
Ele abriu a porta para seu pai, que entrou.
- Desculpa intrometer o momento de vocês, mas, Mel, tem um amigo seu aqui. Ele até se desculpou pela hora, mas disse que só vai embora quando falar com você. O garoto que perdeu a memória.
Eu e Harry nos entreolhamos; o que o Chris quer comigo essa hora? Ele também esqueceu que estamos brigados?
- Você pode deixar ele lá, acho que dormir no frio o faria acordar para a realidade. - Harry disse sem sentimentos.
- Harry! Que coisa horrível de se dizer. - disse. - Eu vou ver o que ele quer. - dei de ombros. - Vem comigo? - perguntei ao Harry e ele assentiu. - Empresta um casaco.
Pedi um casaco, mas o Harry entrou no closet e saiu com uma capa de inverno.
- Quando a Erin me chamar de ciumento, vou ligar para você, filho. - Des brincou.
Vesti a capa e eu e Harry descemos. Gemma e Matthew ainda estavam na sala, assistindo um filme. Passamos em silêncio e eles nem nos notaram. Saímos e Chris estava sentado no degrau, esperando.
Ao ouvir a porta bater, ele virou e levantou. Harry se postou atrás de mim.
- Mel, eu precisava falar com você.
- Vai logo, não tenho a madrugada inteira. - disse, impaciente e rude.
- Inicialmente, me desculpa. Eu sei que fui um babaca.
- De novo. Eu estou cansada disso, sabe, Chris? É sempre você, sempre fazendo coisas erradas e vindo se desculpar. E eu sempre aceitando. É um ciclo que agora está rompido. Você precisa aprender a lidar com suas palavras.
- Melissa, por favor. Você é a única pessoa em quem posso confiar. Eu não pretendo ser como antes, como todos dizem que eu era. Me dê a chance de mudar. Eu percebi que não posso confiar em ninguém além de você. Por favor, me ajuda. - não cede, não cede, não cede.
- É muito fácil, né, cara?! Você apronta todas as suas burradas e depois vem aqui achando que pode se desculpar assim. - Harry se intrometeu na conversa.
- Quando eu falar com você, te chamarei e não "Melissa". - Chris disse mal-educado.
- Christopher, se você veio até aqui para ser mal-educado com o Harry, pode ir embora.
Ele revirou os olhos.
- Ok, não me desculpe, mas me ajude. Olha só.
Ele desbloqueou seu celular e mexeu em algo, logo me entregando. Estava em sua caixa de mensagens.
- Você sabe quem são essas pessoas? - Chris perguntou e eu fui rolando a tela e lendo os nomes desconhecidos.
- Angelique?! - me assustei ao ler tal nome.
- Você sabe quem é? Eu não li as mensagens com ela.
Eu fui ler e tive certeza que era a Angelique, pois o assunto principal era eu e o Harry. Fui lendo a conversa e não conseguia acreditar naquilo. Eram coisas inimagináveis sobre terminar nosso namoro. O foco principal deles era o ciúme e estava dando certo, em partes.
- Isso é insano. - pensei alto.
Não li todas as mensagens com ela, contudo fui na última pessoa que o Chris havia conversado para saber de onde ele era. Me assustei mais ainda ao ler que um cara chamado Yuri era um segurança, designado para seguir-me.
- Você é um psicopata. - acusei, sem pensar.
- Por quê? - perguntou, confuso.
- Você contratou um segurança para me seguir. Você precisa de tratamento.
Chris havia contratado esse cara no ano que foi embora. Eu nunca percebi que havia alguém me seguindo.
- Por que eu faria isso?
- Porque você é louco.
Tentei me recompor, pois sei que tratando-o deste modo, só conseguirei mais Chris Maluco e isso é o que eu menos preciso.
- Chris, vamos fazer o seguinte: esse celular vai ficar comigo, mas amanhã nós vamos no shopping e você vai comprar um celular novo, com um número novo. Eu vou transferir apenas alguns contatos, mas não todos.
- Então você fez as pazes comigo? - perguntou, sorrindo de canto. Esse sorriso não!
- Não. - cedi.
- Tá bom, tudo bem. Vou embora, boa noite.
Virou e foi andando em direção ao ponto de táxi.
- Ele é mesmo psicopata. - Harry murmurou e eu revirei os olhos.
- Vamos entrar, está frio aqui. - reclamei e puxei-o.
Voltamos para o quarto, passando novamente por Gemma e Matthew que não demonstraram ter nos visto.
Me joguei na cama e o Harry entrou no banheiro. Fez sua higiene e se dirigiu para o closet.
- Então, o que você tinha falado aquela hora? - Harry perguntou alto, distraído. - Que eu não entendi. - disse, ainda sem sair do closet.
- Ah... é...
- Fala logo. - apressou, aparecendo novamente no quarto com sua roupa em mãos.
Desabotoou sua calça e a jogou para o lado.
- Eu... posso... estar... é... - mordi o lábio inferior enquanto Harry enfiava uma bermuda na perna esquerda. - Grávida.
Harry se atrapalhou ao escutar isso e acabou caindo, sem conseguir colocar sua bermuda. Levantou-se rapidamente, esquecendo que estava tentando colocar a bermuda ao deixá-la no chão e me encarou sério.
- É claro que você pode. Você é mulher. Eu sou homem. Tivemos relações sexuais. Mas tomamos cuidado, digo, eu usei camisinha, você, as pílulas... - ele dizia, desesperado, e eu esfreguei uma perna na outra, sentada. - Por favor, me diz que você não está grávida!
- Eu não posso afirmar nada, preciso fazer o teste.
- E por que você está com essa dúvida? - disse, sério, e sentou ao meu lado.
- Por causa dessas dores e também porque minha menstruação está atrasada.
- Mel, não podemos. - murmurou, atordoado.
- Eu sei que não. Eu não queria estar com essa dúvida.
- E se você estiver grávida, como vai ser?
- Nós continuaremos os mesmos. Eu não quero pensar em abortos.
- Não, nem eu. De modo algum, eu daria essa sugestão. Se formos mesmo ter um bebê, essa criança vai ser muito amada.
- Mas vamos ser positivos e desejar que não tenha nenhuma criança.
- Então era isso? Que te deixou desértica? - Harry perguntou, mais despreocupado.
- Em partes.
- Tem mais?
- Eu acho que você gasta demais comigo.
- Não vamos entrar nesse assunto. - disse, sério, e por mais que eu achasse mais seguro parar por ali, continuei:
- Não, é sério.
- Melissa, eu gasto com você porque eu quero.
- Acontece que esse dinheiro que você gasta comigo, você poderia, sei lá, doar para algum país da África.
- Eu já faço parte de muitas ONG's.
- Não é disso que estou falando.
- Mel - olhou nos meus olhos. -, esse assunto está encerrado.
Achei melhor parar, para o bem de ambos.
- Vem cá. - me chamou e abriu os braços.
Aproximei-me dele e abracei-o mais forte que pude.
- Você não achou que eu fosse rejeitar uma criança, não é? - perguntou, abafado, por causa do meu cabelo.
- Eu não sabia o que esperar.
- Melissa, eu nunca faria isso. - suspirou. - Vamos dormir?
Ele me soltou e simplesmente deitou, apenas de cueca.
- Quando você vai parar de deixar suas coisas jogadas pelo quarto? - perguntei.
- Já discutimos muitas coisas hoje, amor, minha desorganização não precisa entrar em pauta.
- Certo.
Fui até seu closet, despi a capa e o vestido, e coloquei uma camisa enorme do Harry. Entrei no banheiro, escovei meus dentes, penteei meu cabelo e voltei para o quarto. Apaguei a luz, fechei as cortinas e deitei-me, empurrando o Harry que ocupava mais que metade da cama.
- Se você soubesse o quão espaçosa é, não seria tanto. - murmurou.
- Já discutimos muitas coisas hoje, amor, minha comodidade não precisa entrar em pauta. - imitei-o.
- Ok, você venceu.
Ele me abraçou bem apertado e dormimos de conchinha.

Nem acredito que finalmente estou postando esse capítulo!!! Demorei tanto com ele por motivos tão banais. Espero que tenham gostado, mas sei que foi ruim!!! Hahaha, beijos!

2 comentários:

  1. Capítulo gigantesco! Amo isso!
    Amo mais ainda como vc consegue fazer essa fic mais que perfeita a cada capítulo! Incrível. Ate mais

    ResponderExcluir