sexta-feira, 4 de abril de 2014

Blame - 43º Capítulo



05:37 PM


Voltou-se para aquela casa mais uma vez. Com a fachada branca e de dois andares, tinha um imenso jardim cercado por flores de diversas espécies, algumas que ele jamais havia visto em toda a sua vida. O caso era que a garota amava botânica. Rosas vermelhas eram as suas preferidas. E ele definitivamente sabia disso.


Pela janela do primeiro andar ele observou-a. Seus cabelos estavam soltos, formavam ondas que se iniciavam desde a orelha. Ela vestia uma blusa branca com algum número indecifrável e calças pretas comuns. Ele nunca havia dito-a, mas amava seu estilo. O modo com que ela tinha coragem e disposição para usar o que quisesse sem se importar com o que os outros diriam. Ela tinha atitude.


Mas era exatamente isso que ele havia temido por tanto tempo. Sua atitude.


Ele sabia que não haveria interrupções na conversa dos dois. De acordo com ela, sua mãe estaria trabalhando, e seu pai provavelmente estaria em alguma reunião de trabalho. Então por que todo esse medo? 


Medo á rejeição? Medo á palavras que viriam à tona? Ou... Simplesmente medo da verdade? Ele não queria desistir. Ele não podia. 


Tomou uma iniciativa antes que desistisse de vez – mais uma vez - e tocou a campainha. Por alguns segundos imaginou que ela estaria ocupada com a lição de casa de biologia, mas essa ideia foi descartada logo após ouvir passos vindos de dentro da casa. Ela abriu a porta e ele pode observar, mais uma vez, o quando ela era bonita.


Suas bochechas estavam coradas, e sua expressão era cansada. Quando ele olhou-a nos olhos ela desviou o seu olhar. Ela estava insegura, ele sabia.


- Bem... E aí? – Disse em um tom de voz natural. Como se nada tivesse acontecido entre os dois.


- Oi, Derek. – Ela falou pretensamente simples. 


- Nós... Podemos conversar? – Perguntou com um leve sotaque canadense.


- Bem... Sim. – Disse incerta. – Está frio aí fora. Você não quer entrar? – Perguntou gentil. 


Ele sorriu mostrando suas pequenas covinhas. Então, posicionou-se para entrar.


- Obrigado. – Disse após um suspiro. Realmente estava frio lá fora. A temperatura tinha caído drasticamente. – Jessie, - ela sentiu um aperto no coração ao ouvir seu nome ser pronunciado por tal rapaz – eu sinto muito.


Ele olhou seus olhos verdes. Eles eram penetrantes. Por eles podia-se saber se ela estava feliz, magoada ou ansiosa por algum ato. Mas, naquele momento, eles pareciam inexpressivos. 


- Se você me der uma chance para poder explicar tudo o que aconteceu naquele dia eu ia ficar muito agradecido. – Ele engoliu as palavras que tinha ensaiado diversas vezes no espelho – Mas, se não... Eu vou entender.


- Posso ser sincera com você? – Perguntou ainda insegura com o que estava acontecendo. Ele abriu a boca com a esperança de que saísse alguma frase plausível, mas aquilo não aconteceu. Então ele apenas assentiu com a cabeça. – Acho que mesmo se eu te der esse privilégio eu não acreditaria em uma palavra sequer. 


- Pelo jeito eu não tenho chances. – Disse decepcionado.


- Não mais. 


- Eu só... Queria te dar isto. – Ela observou um bilhete escrito em tinta vermelha nas mãos do rapaz que, a seguir, entregou o papel para a moça que o olhava sem expressar sentimento algum. – Eu estou voltando para o Canadá amanhã. – Disse por fim. – Então provavelmente essa será a última vez que nos veremos. – Lamentou. – Boa sorte com o jogo da vida, Jessie. – Disse aquela frase como se fosse o desfecho da história dos dois juntos.


E ela tinha certeza que seria.


06:14 PM


Zayn estava sentando em uma banqueta do quarto de hóspedes lendo um livro policial qualquer enquanto esperava Logan sair do banheiro. Aquela era sua paixão secreta. Talvez fora por isso que o rapaz era tão bom em desvendar mistérios. Ele estava tão concentrado no livro em questão que nem viu Logan entrar no cômodo. 


- Tá pensando que eu sou gay? Vaza. – Logan disse deixando escapar uma risada implícita em sua voz.  


- Cala a boca e vem cá. – Ordenou. 


- Claro, Vossa Majestade. – Falou e o rapaz que havia acabado de fechar o livro revirou os olhos.


- Você deveria prestar atenção por onde está andando. – Avisou o rapaz que observava o amigo a espera de uma resposta. – Eu vi o Styles nos vigiando hoje na North Hills.


- Quem diabos é Styles? – Perguntou antes de por uma camisa. 


- Bem... Digamos que é um oponente. – Urrou Zayn antes de dar uma tragada em um cigarro.


- Não gosto dessa palavra.


07:49 PM


Após colocar um par de botas qualquer ela olhou-se no espelho. Vestia uma blusa com listras que variavam entre cinza e preto, uma calça jeans apertada, e uma jaqueta preta. Simples, porém casual e – o mais importante – confortável. Passou apenas um pouco de batom rosa claro. Seus lábios estavam pálidos. Talvez por causa da temperatura, talvez por causa da ansiedade, mas com certeza por causa dele.


Pegou as chaves do carro e dirigiu-se até a porta. Viu seu pai lendo um jornal, e pela primeira vez em meses ela decidiu falar com ele.


- Estarei na Carther. – Mentiu. – Não tenho hora para chegar. – Completou antes de sair em direção á garagem. 


A casa de Harry era um pouco distante. Mais especificadamente, a vinte minutos de viagem. Então, no caminho a moça ligou o rádio em uma estação qualquer, e segundos após tê-lo feito ouviu tocar “All in your Head”, do Machine Head.


“Cause I could tell you why the stars don't shine. And if there is a reason you left, then it’s all in your head.”


Depois de alguns minutos de viagem ela pode observar uma grande casa com a fachada em tons de bege. A rua estava pouco iluminada, e isso dificultava sua visão, no entanto, ela estacionou em um lugar não muito longe do seu ponto de chegada. Antes de sair do carro olhou-se no espelho e não viu nada muito alarmante.

Uma mistura de ansiedade e medo tomou conta de cada parte de seu corpo. Ela imaginava se Harry sabia de sua visita. Provavelmente Louis havia contado, mas ela realmente gostaria de ter visto a reação do rapaz ao ouvir que ela o visitaria. 


Tomou coragem e tocou a campainha. Em instantes, uma mulher de olhos claros atendeu-a.


- Olá. – Ela disse simpática embora não soubesse quem era a moça que havia batido na porta.


- Oi, ahm... Eu estou aqui para ver o Sty... Harry. – Corrigiu-se.


- Ah, claro, Louis me avisou que você viria. – Lembrou-se. – Por favor, entre. – Anne pediu e assim Ashley o fez.


- Obrigado. A senhora é muito gentil. – Ashley sorriu com a situação.


- Ah, por favor, me chame de Anne. – Ela pediu gentilmente com um sorriso exuberante.


- Tudo bem. – Disse pouco antes de ver Louis sentado no sofá assistindo um filme qualquer.


- Ashley! Que bom que você veio. – Disse entusiasmado. A ideia de ver Harry feliz outra vez o deixava com uma alegria imensa. Ashley apenas sorriu em resposta. – Venha, ele está lá em cima. – Falou antes de conduzir-lhe até o quarto do rapaz, embora ela já soubesse o caminho. – Hey, brother. – Exclamou ao bater na porta.


- Não tô com muito ânimo pra cantar agora, Louis. – Ele disse, aparentemente, entediado com a situação. 


- Abre a porcaria da porta. – Louis ordenou e assim Harry o fez. 


Sua face expressava uma tristeza inexplicável, por alguns momentos Ashley agradeceu por ter aceitado o convite de Louis. Ao notar que a garota estava lá sua expressão mudou. Pode-se observar um sorriso quase imperceptível. 


- Oi, Styles. – Ashley disse com um sorriso tímido. 


- Ahm... Oi. – Sua voz estava mais rouca que o normal, era pretensiosamente perceptível que ele havia chorado por horas. 


- Eu vou deixar vocês sozinhos. – Louis exclamou e em seguida não havia indícios de que o rapaz havia estado ali. 


- Você não...? – O rapaz de olhos verdes disse aproximando-se da moça que o olhava nos olhos com um pequeno sorriso ao vê-lo novamente, indicando com um gesto de cabeça para que ela entrasse no seu quarto. A garota atendeu seu pedido.


Ele sentou-se na cama e com um gesto de mão pediu-a para que sentasse próxima a ele. Ashley o fez, porém distanciou-se um pouco.


- Então... O que te trás aqui? – Perguntou o óbvio. 


- Você está bem? – Perguntou a ele tentando parecer convicta do que estava fazendo. 


- Estou e você? – Ele respondeu tentando passar segurança do que estava a dizer. Ele estava mentindo descaradamente, mesmo que odiasse fazer isto.


- Eu? – Perguntou calma. O rapaz assentiu, torcendo para que ela não tivesse percebido o tremor em sua voz. – Estava esperando que você me dissesse a verdade. – Disse simples. – Mas eu te entendo. Eu também nunca gostei de envolver outras pessoas nos meus problemas. – Admitiu e ele identificou-se com o que ela havia dito. – Mas dessa vez é necessário. Você, por favor, poderia me contar o que aconteceu? – Pediu sem por pressão. – Se você quiser, é claro.


- Três dias. – Disse por fim e sentiu um calafrio percorrer seu dorso-espinhal. Ele não queria chorar na frente da moça, ele não podia. Fez de tudo para prender as lágrimas que cada vez mais pareciam estarem decididas a caírem por sua face. 


- Oh, Styles... – Envolveu-o em um abraço apertado.


Um sentimento tomou conta mutualmente dos dois. Era algo sensitivo. Os dois tinham medo que tudo aquilo fosse um sonho e que quando acordassem a realidade fosse muito pior. 


Ashley sentiu falta de poder abraçá-lo quando precisava de ajuda com algo, quando estava mal, quando ele era sua única fonte de conforto, de amizade, de esperança.


Harry desejou que aquele momento durasse para sempre. Estar envolvido nos braços de Ashley era uma sensação que ele tinha experimentado poucas vezes antes, mas que seriam eternamente especiais. 


- Quer desabafar? – Perguntou sinceramente interessada em escutar sobre o que o rapaz estava sentindo. – Eu sei o que você está passando, Styles.


- Por causa do seu ex-namorado? – Sem querer ele demonstrou um pouco de ciúmes em sua voz, embora essa não fosse a intenção.


- Por causa de todas as perdas que eu tive na minha vida. – Rebateu sincera.


- É incrível como a dor não pode ser descrita. É algo que só pode ser sentida. É um abismo onde se cai quando você se vê perdido na direção que você escolheu seguir. É algo que responde a maioria das minhas dúvidas, mas eu não estou pronto para ouvi-las de um modo tão bruto. Quando eu era criança, considerava a maior dor de todas aquela de quando você cai e se machuca, mas logo em seguida, quando minha mãe me dizia que iria ficar tudo bem eu confiava nela, e, de fato, tudo ficava bem. Hoje, eu sei que não posso definir “a maior dor de todas” porque ela não é aparente, é obscura, é aquela que você precisa sorrir como se nada tivesse acontecido. Mas, dessa vez, eu não sei se vai ficar tudo bem. – Disse olhando nos olhos da moça, que já chorava. Ele estava sendo forte, nenhuma lágrima havia caído. Ainda.


- Harry... – Aproximou-se do rapaz que a olhava com a esperança de que ela o dissesse que tudo aquilo era uma brincadeira, e que Kimberly ficaria bem. Mas não, não era. 


- “Harry”? – Perguntou surpreso, mas não deixou isso a mostra, de tal modo que a moça sentiu-se envergonhada por ter pronunciado o primeiro nome do rapaz em tal situação. 


Em questão de segundos a respiração dos dois já estava descompassada. Ashley queria ter o poder de curar tudo aquilo que Harry estava sentindo, fazer com que ele não sentisse mais as dores do mundo, mas era impossível. Em um momento ela viu-se perto o suficiente para algo que não era apropriado no momento acontecer, mas o desejo falava mais alto.


O rapaz estava com a esperança de que tudo voltasse ao normal entre os dois. Mas, em um momento de fraqueza ele aproximou-se o bastante para que seus lábios se tocassem. O mundo parecia ter parado. Ele queria poder congelar aquele momento e vive-lo eternamente. Ele olhou nos olhos claros da moça, e delicadamente limpou uma lágrima que havia escorrido por sua face. Ela fechou os olhos e imaginou ser infinita. 


- Ha... 


- Por favor, não acabe com esse momento. – Pediu silenciando-a imediatamente. – Não acabe com esse sentimento. Não acabe com... O que talvez possa ser um “nós”.

Olá, babies, gostaram do capítulo? Achei justo a maior parte ser dedicada á Hashley. Vamos ás perguntas? O que acharam da despedida do Derek? E o que está escrito naquele papel? E sobre o que o Zayn falou para o Logan? E sobre a resposta dele? O que acharam do momento Hashley? A Ash vai perdoar o Harry mais uma vez? Ah, e por fim... Qual foi a parte favorita de vocês nesse capítulo? Então é isso, babies! Tcha-au.

5 comentários:

  1. Puta merda, dona Hévilla, que capítulo foi esse?

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  2. Primeiramente antes de todo o comentario e todas as teorias e cogitaçoes : Desculpa desculpa desculpa desculpa desculpa desculpa desculpa desculpa desculpa desculpa por demorar taaanto pra ler! Aqui tava tudo horrivel pra mim, e ainda ta, mas deu pra ler... O tanto de coisa que teve pra minha pessoinha fazer nao foi bricadeira!
    E agora o sobre o capitulo: se voce viesse aqui na minha casa me matar nao teria o mesmo efeito que esse capitulo fez em mim! Eu to usando o wi-fi do céu aqui! Vou responder as perguntas porque eu nao tenho palavras pra descrever esse capitulo!
    1°: ta de zona com a minha cara... Se eu gostei do capitulo? Eu mais que amei! Eu tenho que criar uma palavra pra descreve-lo! Amecrível (amei + incrível haha)
    Tambem achei muito justa a parte de Hashley ser maior! Deveria ter mais Hashley no mundo!
    2°: Acho que o Derck nao fez certo em ir embora porqur quem foge tem culpa no cartorio!
    3°: No papel eu acho que tem a justificativa dele sobre toda a historia.
    4° e 5°:Acho que o Logan devia ter cuidado mesmo porqur se ele fizer algo contra o Harry por causa da ash eu nao respondo pelos meus atos!
    6°:Voce sabe muito bem que eu sou Hashley foreverrrrrr entao perguntar se eu gostei desse momento é a mesma coisa se perguntar se macaco gosta de banana!
    7°: Acho que o Harry devia ser perdoado sim! Depois dessa revelaçao dele no finalzinho eu casava com ele!
    8°: Minha parte favorita no capitulo foi... Ele todo pode ser minha resposta? Kkk ate o proximo! E mais uma ves desculpa pela demora

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    1. Uma palavra para descrever seu comentário: Perfeito. Estou vomitando arco-íris de tão mordível.

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